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Em jeito de boas-vindas

Estávamos a 17 de Janeiro de 2006 quando, no Cartório Notarial do Montijo, de Maria de Fátima Catarino Duarte, foi constituída a Associação Cultural Sebastião da Gama. O Diário da República, na sua 3ª série, publicaria, cerca de um mês e meio depois, em 3 de Março, o objecto da Associação, fazendo constar que ela nascia para: a) promover o conhecimento da vida e obra de Sebastião da Gama; b) valorizar a estética literária e a praxis pedagógica de Sebastião da Gama; c) apoiar acções e estudos que contribuam para maior conhecimento e melhor divulgação da obra de Sebastião da Gama; d) colaborar na preservação do património literário e do legado pedagógico de Sebastião da Gama; e) cooperar com outras instituições, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, nas acções que comunguem destes mesmos objectivos; f) desenvolver acções diversificadas em ordem à prossecução das intenções aqui enunciadas, podendo ser admitido como seu associado qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, que a direcção considere identificado com os objectivos da Associação. Assim se concretizava o sonho de um grupo de cidadãos, amigos da obra e do legado do poeta azeitonense e alguns seus amigos pessoais, que tinham em vista a preservação da memória e da identidade.
Várias reuniões deste grupo promotor se tinham efectuado desde o verão anterior, todas no sentido de se perpetuar a memória do poeta da Arrábida, fosse com um monumento a propósito, fosse pela divulgação da sua obra. A ideia da constituição de uma associação rapidamente se impôs e o processo foi rápido, depois de obtida a autorização dos familiares para a atribuição do nome do patrono.
Daí para cá, a vida da Associação Cultural Sebastião da Gama (ACSG) tem-se pautado pelo cumprimento dos objectivos estatuídos, em torno dos quais se juntaram já mais de duas centenas de associados e muitos amigos. Todas as acções que têm sido levadas a cabo têm tido uma considerável adesão, sentindo-se que lembrar Sebastião da Gama e a sua obra não é questão vã, antes é imperativo de cidadania.
É sobre a Associação e sobre o seu patrono que este blogue irá dar notícias. Ao ritmo das possibilidades que o voluntariado permite. Ao ritmo da vontade de contribuir um pouco para o enaltecimento das marcas culturais de uma região e de um país que são os nossos e com os quais nos comprometemos. Biografia, bibliografia, apreciações, notícias, acções a desenvolver, relatos e projectos… de tudo passará por aqui. Queremos, com todos que nos leiam e que colaborem, dar cumprimento aos objectivos que nos norteiam. (JRR)

Comentários

  1. O Poema que junto é um clássico. Muito conhecido.
    Fala de sonhos.
    Que o sonho que foi concretizar o blogue perdure, enquanto realidade, no tempo.

    João Vassalo




    O Sonho

    Pelo Sonho é que vamos,
    comovidos e mudos.
    Chegamos? Não chegamos?
    Haja ou não haja frutos,
    pelo Sonho é que vamos.

    Basta a fé no que temos.
    Basta a esperança naquilo
    que talvez não teremos.
    Basta que a alma demos,
    com a mesma alegria,
    ao que desconhecemos
    e ao que é do dia-a-dia.

    Chegamos? Não chegamos?

    - Partimos. Vamos. Somos.

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  2. Saudar!
    Saudar efusivamente!
    A presença da ACSG na Blogosfera, para além de ser muito simpática, será uma excelente janela aberta para o ar fresco e a luz irradiante da Vida e Obra de Sebastião da Gama e suas repercussões em nossa actualidade.
    Um pedido: post's frequentes!
    Uma pergunta: incluir nos favoritos logo na primeira abertura!

    ResponderEliminar

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"Pequeno poema" ( Aqui e além . Dir: José Ribeiro dos Santos e Mário Neves. Lisboa: nº 3, Dezembro.1945, pg. 14) O dia do nascimento quis perpetuá-lo Sebastião da Gama num dos seus textos poéticos. E assim surgiu “Pequeno Poema”, escrito em 7 de Maio de 1945 e, em Dezembro desse ano, publicado no terceiro número da revista Aqui e além e no seu primeiro livro, Serra Mãe , cuja primeira edição data também desse Dezembro. De tal forma a sua mensagem é forte, seja pela imagem da mãe, seja pela alegria de viver, que este texto aparece não raro nas antologias poéticas, temáticas ou não, como se pode ilustrar através dos seguintes exemplos: Leituras II [Virgílio Couto (org.). Lisboa: Livraria Didáctica, 1948?, pg. 74 (com o título “Quando eu nasci”)], Ser Mãe [Paula Mateus (sel.). Pássaro de Fogo Editora, 2006, pg. 45], A mãe na poesia portuguesa [Albano Martins (sel.). Lisboa: Público, 2006, pg. 310]. (JRR)

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