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Mensagens

A mostrar mensagens de fevereiro, 2010

Em memória de João Envia (1919-2010), com um poema para Sebastião da Gama

João Envia não era associado da Associação Cultural Sebastião da Gama, mas tinha interesse em saber como ela progredia. Nas vezes em que o encontrei, fez-me sentir isso, perguntando e registando em dedicatórias que me fez o papel da Associação. Amigo de Setúbal e da sua história, divulgador e coleccionador dos factos sadinos, João Envia foi autor de várias obras sobre a região de Setúbal e colaborou na imprensa local, ao mesmo tempo que desenvolveu a sua actividade comercial e que participou activamente no movimento associativo. Hoje, dia em que ele nos deixou, trago para aqui um poema sobre a Arrábida, em que fala de Sebastião da Gama, publicado no seu último livro, apresentado publicamente no final do ano passado. - JRR João Envia. "A minha Arrábida". Poesias sadinas . Setúbal: edição de Autor, 2009, pg. 15.

Joana Luísa da Gama - Esta senhora faz hoje 87 anos

Em 28 de Fevereiro de 1923, nascia em Azeitão Joana Luísa, que viria a ser a amiga, a companheira e a mulher de Sebastião da Gama. Passam agora 87 anos de uma vida que, em parte, foi dedicada à obra do poeta, preservando-a e dando-a a conhecer, disponibilizando-a para estudo. Uma vida que tem passado também por gestos de voluntariado e por esse acto simpático que tem sido acompanhar aquilo que sobre o poeta vai sendo feito. Podemos evocar aqui dois momentos de simpatia e carinho que Sebastião da Gama teve com Joana Luísa em dias de seu aniversário. Um, em 1944, quando no 28 de Fevereiro desse ano lhe ofereceu um exemplar da antologia Poesias Selectas de Frei Agostinho da Cruz , organizada por Augusto Pires de Lima (Col. “Portugal”. Porto: Domingos Barreira Editor, 1941) e, no final, lhe grafou longa dedicatória em duas páginas: “… E por saber, Joana Luísa, que são flores da Arrábida os melhores parabéns que poderia dar-te, aqui te deixo este ramo delas, a perfumar-te o caminho; a mostr

Memórias e testemunhos (1): Maria Clementina

"Sebastião da Gama não foi meu professor, embora eu tivesse entrado para a Escola Industrial e Comercial de João Vaz no ano em que Sebastião da Gama ainda lá estava. Dele apenas recordo as suas visitas à Escola, quando já não era lá professor, pois foi ele que me ensinou a catalogar os livros da Biblioteca e a plantar flores no nosso pequeno jardim. Sempre com o seu ar jovial de garoto com a sua boina inclinada e o seu sorriso de companheiro amigo..." Maria Clementina (via mail)

Sebastião da Gama na Escola Básica 2, 3 de Vialonga

Ontem, estive na Escola Básica 2, 3 de Vialonga (no concelho de Vila Franca de Xira) para falar a alunos de 9º ano sobre Sebastião da Gama e lhes apresentar o documentário “Meu caminho é por mim fora”, que navega pela vida e pela obra (poética, educadora e cívica) do poeta da Arrábida, correspondendo a um convite intermediado pelo Tiago Machete, professor e meu antigo aluno. Comigo, levei a Joana Luísa, esposa de Sebastião da Gama, que, nos seus quase 87 anos, gosta de acompanhar o que sobre o marido se vai fazendo. Esta ida à Escola revestiu-se de várias surpresas, que me sensibilizaram: a iniciativa de a Escola ter realizado uma exposição com fotografias e poemas de Sebastião da Gama, arejada, estruturalmente pensada, para o público ver e ficar a saber e não para impressionar pela quantidade, eivada de simplicidade e harmonia, onde nem faltaram a areia e as conchas da Arrábida (levadas pelo Tiago) a salpicarem os livros de Sebastião da Gama; a presença de cerca de 50 alunos de 9º ano

Porque ler o “Diário” de Sebastião da Gama, segundo Cruz Malpique

Em 1965, Cruz Malpique (1902-1992), o reconhecido nisense e professor do Liceu Alexandre Herculano, no Porto, publicava o livro Mestres e Discípulos (Porto: Divulgação, 1965), cerca de 230 páginas de reflexão sobre a profissão docente, nas vertentes pedagógica e deontológica. Um dos mais longos capítulos aí inseridos, ocupando cerca de quatro dezenas de páginas, intitula-se “Sebastião da Gama, Professor-Poeta” e faz uma peregrinação pelo Diário , que fora publicado havia sete anos (apesar de maioritariamente escrito no estágio que decorreu entre Janeiro de 1949 e Fevereiro de 1950, esta obra de Sebastião da Gama só seria publicada postumamente, em 1958). A viagem de Cruz Malpique por esta obra é de tal forma condicionada pela sua mensagem que o autor se deixa levar pelas longas citações de Sebastião da Gama, assumindo-as como testemunhos e verdades de referência para o que é ser professor, desde o início erguendo como princípio que “outros diários existissem desse teor e teríamos aí a

"Louvor da Poesia", um testamento de Sebastião da Gama

O Parque dos Poetas, em Oeiras, constituído por vinte estátuas de poetas portugueses do século XX, todas da autoria do escultor Francisco Simões, não inclui a estátua de Sebastião da Gama. Mas poderia ter incluído. Aliás, segundo me contou o próprio escultor, este jardim para os poetas lusos do século XX foi ideia conjunta do artista e de David Mourão-Ferreira e, no início do projecto, o nome de Sebastião da Gama constava na lista dos vinte a figurarem no Parque… No entanto, o Parque dos Poetas faz-se também com os poemas que estão lavrados no chão, rasgados em pedra, aí constando muitos nomes de outros poetas portugueses do mesmo século, que, não tendo lá a sua estátua, têm a sua palavra. É o que sucede com Sebastião da Gama, que, numa das entradas do Parque, tem esculpido o conhecido poema “Louvor da Poesia”, texto que o poeta legou como um quase testamento poético. O poema está datado, em manuscrito, de 7 de Fevereiro de 1950, com dedicatória ao Dr. Virgílio Couto (1901-1972), profe

Dos associados (1) - António Osório

De António Osório, nosso associado, foi publicado, no último trimestre de 2009, o volume A Luz Fraterna (Lisboa: Assírio & Alvim, 2009), que reúne os seus títulos de poesia e inclui um prefácio assinado por Eugénio Lisboa e uma entrevista efectuada por Ana Marques Gastão (publicada na revista DNA , em 2001). O leitor poderá ainda avaliar o que foi o percurso poético de António Osório pelos excertos críticos que são compilados no final do volume, por onde passam as vozes autorizadas de João Gaspar Simões (“a poesia de António Osório realiza, com ritmos antigos, imagens consagradas, sentimentos quotidianos, aspirações serenas, saudades calmas, um corpo poético como outro não havia nos anais do nosso lirismo contemporâneo”, 1979), Fernando Guimarães (“o psicologismo que pode haver nos poemas de António Osório é sobretudo encontro com os outros, com os lugares, com o mundo”, 1981), David Mourão-Ferreira (“convivem, no espaço do poema, os mortos e os vivos, o passado e o presente, a me

"Manhã no Sado", de Sebastião da Gama

Brancas, as velas eram sonhos que o rio sonhava alto. Meninas debruçadas em janelas, viam-se, à flor azul das águas, as gaivotas. E a Manhã quieta (sorrindo, linda, vinha vindo a Primavera…) punha os pés melindrosos entre as conchas. Derivavam jardins imponderáveis dos seus passos de ninfa e tremiam as conchas de súbitas carícias. Longe era tudo: o medo dos naufrágios, as angústias dos homens, o desgosto, os esgares das tragédias e comédias de cada um, os lutos, as derrotas. Longe a paz verdadeira das crianças e a teimosia heróica dos que esperam. Ali, à beira-rio, de olhos só para o rio, de ouvidos surdos ao que não é a música das águas, um sossego alegórico persiste. Nem o arfar das velas o perturba. Nem o rumor dos seios capitosos da Manhã, que nas águas desabrocham e flutuam, doentes de perfume. Nem a presença humana do Poeta - sombra que a pouco e pouco se ilumina e se dilui, anónima, na aragem… Sebastião da Gama (8 de Abril de 1948, poema dedicado ao amigo Alberto Fialho) in Camp

A paixão pelo "Diário", sentida pela Maria Teresa Pereira

Hoje, a nossa Associação iniciou o contacto com os associados através de mail, forma útil, sendo pena que apenas um terço dos associados (mais coisa menos coisa) tenham esta forma de correspondência. Nessa missiva, dissemos sobre algumas coisas que temos feito, informámos sobre o blogue e demos uma pequena, mas significativa, notícia: está para breve uma edição de excertos do Diário de Sebastião da Gama em Itália, fundamentalmente destinada ao meio académico. Logo uma associada, a Maria Teresa Pereira, nos escreveu. E, a propósito dessa obra de Sebastião da Gama, registou algo que subscrevemos: «O Diário é, sem dúvida, o que de melhor foi escrito sobre educação. É sempre actual quer nas horas de encantamento, quer nas de inquietação e de busca do Professor com paixão pelo ensino.»

Um poema para este dia ("dos namorados" chamado)

Madrigal A minha história é simples. A tua, meu Amor, é bem mais simples ainda: “Era uma vez uma flor. Nasceu à beira de um Poeta…” Vês como é simples e linda? (O resto conto depois; mas tão a sós, tão de manso, que só escutemos os dois). Sebastião da Gama (07.Out.1946) in Cabo da Boa Esperança (1947)

Joaquim Vermelho e "o rapaz da boina"

Em Abril de 2006, numa passagem por Estremoz, quis ver onde era o Largo do Espírito Santo, residência que foi de Sebastião da Gama quando ele lá leccionou na Escola Industrial e Comercial (hoje, Escola Secundária Rainha Santa). Chegado ao Rossio, visitei o Museu de Arte Sacra e perguntei a uma senhora (que andaria pelos 60 anos) onde era o Largo do Espírito Santo. Logo a conversa se estendeu. O que ia eu ver ao sítio, quis ela saber. Lá lhe disse ao que ia. Subitamente, o seu olhar animou-se: “Oh, o senhor doutor Sebastião da Gama! Lembro-me tão bem dele! Com a boina, os livros… e também me lembro da mulher dele. Ela ainda é viva? Ele era tão boa pessoa… Gostávamos muito dele…” Creio que a senhora não chegara a ser aluna dele, mas recordava-o e descrevia-o como se o tivesse visto havia pouco. Já tinham passado 54 anos sobre a sua morte… Fiquei impressionado com a vivacidade da senhora, num olhar e num recuo no tempo, quase virando outra vez criança que contemplava o professor da boina

Sebastião da Gama visto por António Matos Fortuna

O recorte que se apresenta já tem mais tempo do que, na altura da sua escrita, tinha a efeméride que ele evocava. Passavam os 25 anos da morte de Sebastião da Gama; estava-se, portanto, em 1977. A partir de Quinta do Anjo, António Matos Fortuna, historiador, interessado pela cultura local e regional, apreciador de poesia (e, por vezes, poeta na forma de viver), escrevia sobre a efeméride para o jornal O Dia . O artigo saiu na edição de 8 de Fevereiro desse ano. Uns meses antes de falecer, Matos Fortuna (1930-2008) entregou-me o recortezinho, dizendo para o trazer, porque me faria mais jeito a mim, que andava a estudar o Sebastião da Gama e que estava a colaborar na Associação Cultural Sebastião da Gama. Relembro hoje este artigo, ao mesmo tempo que recordo António Matos Fortuna, que, há 33 anos, mais dia menos dia, afirmava que “a espontaneidade e franqueza de Sebastião da Gama não se prendiam [com] jogos florais”, interpretando que, no momento em que o poeta disse ter muito que amar,

Adivinha (2) - em continuação, com pistas

O que terão em comum nomes como Maria Barroso, Célia David, Fernando Guerreiro, Maria Clementina, José Luís Nobre e Rui Serodio para lá das coisas comuns que possamos dizer? Esta é uma pista para a adivinha que aqui foi deixada (e que até já mereceu um comentário)… Quem quer avançar com mais hipóteses ou com sugestões?

Um poema para Sebastião da Gama

Desconhecemos a autoria deste pequeno poema que leitor(a) deixou na caixa de comentários num postal anterior. No entanto, porque revela marcas intensas do "Poeta da Arrábida", este poema, ainda que sem título e sem indicação de autoria, merece sair da caixa dos comentários e ter visibilidade. Ora apreciem... Sebastião Olho-te os olhos Risonhos, febris, O sorriso ténue, frágil. Olho a boca, a mão, Úteros de palavras Quentes e límpidas. Em mim...surge Clara, pura, Maternal, a Poesia.

Sebastião da Gama e a Arrábida num poema de Maria Só

in O Canto dos Poetas . Setúbal: Grupo Desportivo "Independente", nº 20, Jan/Mar 2010

"Serra-Mãe", o primeiro livro de Sebastião da Gama

O primeiro livro de Sebastião da Gama foi Serra-Mãi (assim mesmo escrito), saído a público em Dezembro de 1945, com desenho de capa de Lino António, obra que muito cuidou e para a qual levou a preceito a selecção dos seus poemas. Nesta altura, Sebastião da Gama, com 21 anos, era ainda estudante no curso de Românicas, na Faculdade de Letras de Lisboa. Tivera uma hipótese de a Livraria Portugália lhe editar o livro, mas, a 24 de Outubro, era-lhe dirigida uma carta, dizando que, naquele momento, não interessavam à editora “as publicações não integradas no plano” editorial, porque havia encargos com cerca de uma centena de originais, já pagos a autores e tradutores, e não havia como “dar vazão” a esse trabalho. A família de Sebastião da Gama assumiu, então, os encargos financeiros advenientes da edição e o livro foi publicado com a chancela da Portugália, enquanto distribuidora. Com obra, dedicada a Alexandre Cardoso, seu tio, assumia o risco de vir a ser o “poeta da Arrábida”, elegendo a

Têm falado deste blogue

O blogue da Associação Cultural Sebastião da Gama mereceu destaques em vários postos da blogosfera, tais como: Estrada do Alicerce , Bibliotecário de Babel , Tempo de Teia , Entre Tejo e Sado , Terrear , A Seda das Palavras , Nesta Hora e Cidadania Azeitão , além de ter merecido comentários de vários leitores no sentido de ser o espaço que faltava para Sebastião da Gama. Na imprensa escrita, O Setubalense de hoje trouxe este blogue também para notícia: O Setubalense : 08.Fevereiro.2010

Sebastião da Gama fechou "As escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa" de hoje

No final do programa "As escolhas de Marcelo Rebelo de Sousa" transmitido hoje pela RTP 1, o seu autor evocou o poeta da Arrábida, a fechar, depois de apresentar a habitual rubrica de livros: "Só uma evocação de Sebastião da Gama que há 58 anos morreu e deixou, de facto, uma saudade, uma admiração, um culto, que é partilhado por cada vez mais gente e cada vez mais gente nova neste país." Ao longo desta referência feita por Marcelo Rebelo de Sousa, a entrevistadora, Maria Flor Pedroso, ainda lembrou aquele que é talvez o mais conhecido verso de Sebastião da Gama: "Pelo sonho é que vamos". Gesto simpático e merecido! (JRR)

O dia em que Sebastião da Gama entrou na memória

Luís Filipe Lindley Cintra (1925-1991) foi um dos maiores amigos de Sebastião da Gama, tendo partilhado com ele o tempo da Faculdade de Letras e o gosto pela Arrábida e pela escrita. Primeiro leitor de muitos poemas do Poeta da Arrábida, contribuiu amplamente para a divulgação da obra de Sebastião da Gama, colaborando na organização da sua obra póstuma e tendo prefaciado a edição de Serra Mãe em 1957, além de ser autor de alguns artigos na imprensa sobre a obra do poeta azeitonense, tais como: “Carta ao poeta Sebastião da Gama” ( Diário Popular , 26.Dez.1945), "Sebastião da Gama: um depoimento" ( O Tempo e o Modo , 27, 1965, págs. 463-478) e “Sebastião da Gama e a poesia social” ( República , 1967). A carta que aqui se reproduz, dirigida por Luís Filipe Lindley Cintra a Joana Luísa da Gama uma semana depois da morte do poeta, é um documento de ternura e um testemunho que inicia o caminho da memória de Sebastião da Gama. (JRR) 1ª e 4ª páginas da carta de Lindley Cintra a Joa

O dia em que Sebastião da Gama partiu...

Cemitério de Vila Nogueira de Azeitão Pelas 8h30 da manhã de 7 de Fevereiro de 1952, falecia, no Hospital de S. Luís, em Lisboa, Sebastião da Gama, chegado na véspera de Estremoz. A tuberculose, de que padecia desde a sua juventude, vencera-o, pondo-lhe fim a um percurso de 27 anos, cheio de escrita e de leitura. Pelo caminho, ficavam três livros de poesia, uma licenciatura com tese sobre a poesia social, alguns (poucos) ensaios, muita colaboração jornalística, uma curta mas intensa experiência de ensino (nas Escolas Industrial e Comercial de João Vaz, em Setúbal, Industrial e Comercial Veiga Beirão, em Lisboa, e Industrial e Comercial de Estremoz) que teve direito a uma reflexão diarística incluída no título póstumo Diário (1958), muitas amizades (e muita consternação) e uma obra literária para conhecer (e para publicar). De acordo com o testemunho de sua mulher, Joana Luísa da Gama, a última palavra que lhe foi ouvida foi a palavra “poesia”. Apesar de a sua escrita mais conhecida s

A escola, ecossistema da sociedade (a propósito de um poema de Sebastião da Gama)

Tempos da Escola Aquela escola velha , outra mãe em que eu bebi o leite do Saber, Inspira-me saudades, só de a ver, desse tempo que foi e já não vem. Tempos felizes esses, em que eu ia, a mala negra ao ombro, o rir na face, pra que na minha mente se amostrasse, em vez de escura noite, claro dia. Tempos que se perderam no passado, como as águas do rio no mar salgado, esses são, em que eu lia João de Deus e em que a palavra “amor”, a vez primeira desta vida cruel e traiçoeira disseram, soletrando, os lábios meus! Vila Nogueira, 22/XI/1941 Sebastião da Gama (inédito) A escola. Primeiro grupo social com o qual o jovem Sebastião é confrontado, representa uma mãe que lhe irá saciar a fome do Saber. Alegria e saudade sentidas apenas com dezassete anos de idade, mas com uma maturidade induzida pelo sofrimento de conhecer, desde os catorze, os condicionamentos impostos por uma doença para a qual não se conhece a cura. A um ano do ingresso na Faculdade de Letras de Lisboa, já recorda com saudade

Um poema para Sebastião da Gama, por Artur Vaz

SEBASTIÃO DA GAMA Servo de Deus, poeta da natureza. Tu serás sempre anjo ancorado na Serra-Mãe. Terra que tu beijaste e que por ti foi cantada, nos poemas que deixaste na obra inacabada. Tu serás sempre uma voz Do Amor e da Liberdade, na tua nova morada. Poeta da natureza da Távola, por ti criada. Foste o arauto e a voz da Arrábida, Campo Aberto e Cabo da Boa Esperança. Pelo sonho, tu seguiste, entre estevas e flores, num supremo querer divino em férteis e encantados amores. Foste Mar-Azul, memorial do teu povo, êxtase e presença espiritual. Tantas vezes te chamaram louco, deixa lá isso! Em tua defesa... estão os teus cânticos. Os poetas, esses, nunca morrem, enquanto houver poesia, serão imortais. Porque tu, Sebastião da Gama, nesta encruzilhada da Vida foste e serás, como Camões, Bocage e Pessoa, um poeta genial. Artur Vaz. in Tributos (2009)

A segunda casa de Sebastião da Gama e o segundo registo

Quando Sebastião da Gama tinha 6 meses, a família mudou de casa, indo viver para o número 140 da rua José Augusto Coelho, em Vila Nogueira de Azeitão. Estava-se em Outubro de 1924. Uns dias depois, em 27 de Novembro, acontecia o baptizado do jovem Sebastião na Igreja Matriz de S. Lourenço, sendo celebrante o padre Manuel Fernandes de Barros e assumindo como padrinhos Gabriel Domingos do Carmo, casado, notário, e Josefina Pascoal Cardoso, casada, doméstica. Esta segunda residência de Sebastião da Gama serviu-lhe até aos 14 anos, altura em que, por motivos de saúde, a família fixou residência no Portinho da Arrábida. Apesar de esta segunda casa não ser aquela em que o poeta nasceu, certo é que muita gente é levada a pensar estar perante a que foi a sua primeira residência, uma vez que é na sua frontaria que se pode ver uma lápide evocativa, colocada na que foi a primeira homenagem pública póstuma a Sebastião da Gama, ocorrida em 8 de Fevereiro, quando passava o primeiro aniversário sobre

Sebastião da Gama lido por Alexandre Santos

Na obra Sebastião da Gama – Milagre de Vida em busca do Eterno (Lisboa: Roma Editora, 2008), de Alexandre F. Santos, o leitor passa pelo primeiro capítulo, intitulado “O autor e o seu tempo”, e tem a sensação de entrar na vida do poeta, pelo menos naquela faceta que é mais pública, a da sua poesia e do seu pensar. Alexandre Santos cruza poemas, testemunhos, leituras, correspondência e o ambiente cultural e literário da época e dá-nos um retrato que ajuda a entender a obra deste poeta, primeiro passo para descobrirmos que a escrita, o sentir, a vida e a pessoa, no caso de Sebastião da Gama, são indissociáveis, são os pilares de uma mesma catedral. Não me estou a referir a pormenores biográficos, note-se (embora alguns vão perpassando); esta leitura permite-nos ir mais longe e entrar nas linhas de pensamento, no ideário e no caminho deste poeta, afinal naquilo que determinou que o poeta fosse o que foi, que o homem experimentasse o que experimentou. Talvez a nossa adesão a este texto pa

Sebastião da Gama em Poço de Caldas

A nossa associada Alexandrina Pereira esteve recentemente no Brasil, na Academia de Letras de Poço de Caldas. Na bagagem, levou para oferta obras de Sebastião da Gama e também a medalha evocativa do monumento ao poeta, cunhada em 2007. São dois momentos da oferta de lembranças da Asscociação Cultural Sebastião da Gama, feita numa sessão na Academia de Letras em Poço de Caldas, presidida por Marcus Vinicus de Moraes (também nosso associado) que as fotografias nos mostram, ambas por gentileza de Alexandrina Pereira.

Associados da ACSG encontram-se no Brasil

Alexandrina Pereira e Marcus Vinicius de Moraes são associados da ACSG (desde 2006 e de 2007, respectivamente). Ambos se encontraram no Brasil, em Poços de Caldas, onde Marcus Vinicius de Moraes dá vida a uma Academia de Letras. Alexandrina Pereira foi homenageada e, na bagagem, levou para o Brasil obras de e sobre Sebastião da Gama, que a ACSG ofereceu, a convite de Alexandrina Pereira. Aqui fica a notícia, vinda n'O Setubalense de hoje. O Setubalense : 3.Fevereiro.2010

"Pequeno poema" ou uma evocação do nascimento

"Pequeno poema" ( Aqui e além . Dir: José Ribeiro dos Santos e Mário Neves. Lisboa: nº 3, Dezembro.1945, pg. 14) O dia do nascimento quis perpetuá-lo Sebastião da Gama num dos seus textos poéticos. E assim surgiu “Pequeno Poema”, escrito em 7 de Maio de 1945 e, em Dezembro desse ano, publicado no terceiro número da revista Aqui e além e no seu primeiro livro, Serra Mãe , cuja primeira edição data também desse Dezembro. De tal forma a sua mensagem é forte, seja pela imagem da mãe, seja pela alegria de viver, que este texto aparece não raro nas antologias poéticas, temáticas ou não, como se pode ilustrar através dos seguintes exemplos: Leituras II [Virgílio Couto (org.). Lisboa: Livraria Didáctica, 1948?, pg. 74 (com o título “Quando eu nasci”)], Ser Mãe [Paula Mateus (sel.). Pássaro de Fogo Editora, 2006, pg. 45], A mãe na poesia portuguesa [Albano Martins (sel.). Lisboa: Público, 2006, pg. 310]. (JRR)

“Meu caminho é por mim fora…”

Reprodução do manuscrito de Sebastião da Gama da primeira página do poema "Itinerário" Este verso de Sebastião da Gama, que abre o seu poema “Itinerário” (datado de 29 de Outubro de 1944 e incluído no livro Serra Mãe , de 1945), tem sido o título das sessões de divulgação que a Associação Cultural Sebastião da Gama tem promovido sobre o seu patrono. A escolha deste verso para designar essas acções justifica-se pela força que dele ressalta, sobretudo quando escrito por um jovem que tinha 20 anos e assumia ser a poesia de José Régio uma das suas âncoras. Não foi por acaso que o último livro que publicou – Campo aberto , em 1951 – teve dedicatória para duas personalidades que lhe nortearam as condutas: Virgílio Couto, que fora o seu metodólogo e mestre de pedagogia na Escola Veiga Beirão, e José Régio, poeta admirado e amado. De resto, um dos pontos altos nesse ano de 1951 na vida do poeta da Arrábida (em 25 de Fevereiro) foi o encontro com Régio em Portalegre, onde se deslocou,

A primeira casa e o primeiro registo

Registo de nascimento de Sebastião da Gama (1924, Livro 67, Fls. 413) Sebastião da Gama nasceu em 10 de Abril de 1924, pelas 12h30, em Vila Nogueira de Azeitão (freguesia de S. Lourenço), no número 88 da Rua José Augusto Coelho, onde hoje existe um estabelecimento comercial. Aí viveu até aos seis meses, data em que a família se mudou para outra casa na mesma rua. (JRR). Casa onde nasceu Sebastião da Gama (Rua José Augusto Coelho, 88 - Azeitão)

Em jeito de boas-vindas

Estávamos a 17 de Janeiro de 2006 quando, no Cartório Notarial do Montijo, de Maria de Fátima Catarino Duarte, foi constituída a Associação Cultural Sebastião da Gama. O Diário da República , na sua 3ª série, publicaria, cerca de um mês e meio depois, em 3 de Março, o objecto da Associação, fazendo constar que ela nascia para: a) promover o conhecimento da vida e obra de Sebastião da Gama; b) valorizar a estética literária e a praxis pedagógica de Sebastião da Gama; c) apoiar acções e estudos que contribuam para maior conhecimento e melhor divulgação da obra de Sebastião da Gama; d) colaborar na preservação do património literário e do legado pedagógico de Sebastião da Gama; e) cooperar com outras instituições, públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, nas acções que comunguem destes mesmos objectivos; f) desenvolver acções diversificadas em ordem à prossecução das intenções aqui enunciadas, podendo ser admitido como seu associado qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, que a