Intervenção de António Canteiro, o poeta premiado, na sessão de entrega do Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama
Principio a
minha intervenção com um poema de SEBASTIÃO DA GAMA- PASMO: “Nessas noites mornas de calmaria, em que o
Mar se não mexe e o arvoredo não murmura, pedindo o Sol mais cedo, que o
resguarde da fria ventania; em que a lua boceja, se embacia, e as palavras
estagnam, no ar quedo, noites pobres – até chego a ter medo de me volver também
Monotonia. E então sinto vontade de atirar, meu corpo bruto e nu contra o
espanto da Noite, a ver se o quebro e vibro, enfim; cair no lago morto e
acordar os cisnes que adormecem de quebranto… Mas só caio, afinal, dentro de
mim”. (in Serra-Mãe, primeiro livro do autor). Fiquei pasmo e caí depois dentro de mim,
naquele sábado à noite, quando estava em casa, em família, e o telefone tocou a
anunciar que o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama vinha de tão longe,
aqui do sul do tejo, para a Gândara de Carlos de Oliveira, onde viv…