Sebastião da Gama tinha 16 anos quando viu o seu primeiro texto publicado num jornal: o poema “Portugal Independente”, conotado com o momento histórico que se vivia – as Comemorações Centenárias –, saído no jornal montijense Gazeta do Sul em 8 de Dezembro de 1940. Neste periódico colaborou durante três anos, com poemas, assinados pelo único pseudónimo que usou publicamente – Zé d’Anicha, em homenagem a um recanto da sua Arrábida.
A sua vontade de publicar era grande e insistente, assim se percebendo as missivas que, na rubrica “Correio Geral”, o jornal enviava para o jovem Sebastião da Gama, da Arrábida, respondendo-lhe que os seus poemas seriam publicados logo que chegasse a respectiva altura, seguindo a ordem de recepção dos textos dos colaboradores no jornal. A sua participação teve efeitos sobre os leitores, porquanto vários poemas foram publicados neste jornal, tendo como destinatário o Zé d’Anicha, assinados por pseudónimos como “Elvense que adora música”, “JC um barreirense” e “Avozinha”.
A partir daqui, Sebastião da Gama semeou poemas e outros textos (crónica e ensaio literário) por várias publicações, num total de cerca de oito dezenas de colaborações. Quando foi publicado o seu primeiro livro, Serra-Mãe, em Dezembro de 1945, já o seu nome tinha passado pelo referido Gazeta do Sul e pelas revistas lisboetas Turismo e Aqui e Além.
Entre 1940 e 1952, Sebastião da Gama publicou em jornais e revistas de Barreiro, Braga, Castelo de Vide, Elvas, Estremoz, Évora, Lisboa, Montijo, Setúbal e Sintra, ora em títulos de informação geral, ora em publicações mais vocacionadas para a cultura e para a poesia. O seu nome encontrou-se, por via da publicação em periódicos, com muitos outros nomes da literatura portuguesa, uns já bem conhecidos na altura, outros a afirmarem-se, havendo coincidências interessantes, como a que reuniu no mesmo número de revista poemas de Sebastião da Gama, então com 27 anos, e de um jovem, que tinha sensivelmente metade desta idade, chamado José Carlos Ary dos Santos – passou-se este encontro na revista Horizonte, de Évora.
Relativamente a publicações literárias, vale a pena referir o papel que Sebastião da Gama teve na revista Távola Redonda (sobre cujo aparecimento passa neste ano o 60º aniversário), dirigida por David Mourão-Ferreira e por António Manuel Couto Viana. Muito embora não integrando o seu corpo directivo, o Poeta da Arrábida foi um divulgador entusiasmado da publicação e, por carta, deu indicações para o sucesso da revista aos seus directores, apontando aspectos a melhorar e nomes a reter.
É ainda curioso que o último texto que Sebastião da Gama escreveu tenha sido divulgado na imprensa quatro dias antes do seu falecimento – refiro a crónica “Encarcerar a asa”, verdadeiro hino de amor à vida e à liberdade, escrita em 25 de Janeiro de 1952 e publicada no estremocense Brados do Alentejo em 3 de Fevereiro seguinte (este texto só viria a ser integrado em livro na publicação póstuma O Segredo é Amar, surgido em 1969). Sebastião da Gama, que começara a publicação dos seus textos na imprensa, deixava também o seu último texto, mensagem forte, lavrado em páginas da imprensa.
Não sendo garantido que constem todas as colaborações de Sebastião da Gama na imprensa na lista que se apresenta, certo é que, com ela, a Associação Cultural Sebastião da Gama pretende divulgar esta faceta menos conhecida do poeta, dando um contributo para a fixação da sua bibliografia activa e expondo alguns dos espécimes que nela constam quando passam 86 anos sobre o nascimento do Poeta da Arrábida. – JRR
Bibliografia activa de Sebastião da Gama na imprensa do seu tempo
1940
“Portugal Independente”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 518, 08.Dez.1940, pg. 7.
1941
“Mar Bravo”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 533, 23.Mar.1941, pg. 11.
“Conto Amigo”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 544, 08.Jun.1941, pg. 9.
“O Sonho do Infante”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 561, 05.Out.1941, pg. 9.
1942
“Hino ao Sol”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 581, 22.Fev.1942, pg. 3.
“Flores”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 593, 17.Mai.1942, pg. 7.
“Cancioneiro”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 596, 07.Jun.1942, pg. 2.
“Cancioneiro”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 600, 05.Jul.1942, pg. 5.
“Cancioneiro”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 601, 12.Jul.1942, pg. 10.
“Cancioneiro”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 602, 19.Jul.1942, pg. 2.
“Cancioneiro”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 603, 26.Jul.1942, pg. 5.
“Na Arrábida – Frei Agostinho da Cruz”. Turismo. Lisboa: nº 48, Jul-Ago.1942.
“Cancioneiro”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 607, 23.Ago.1942, pg. 2.
“Lágrimas”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 611, 20.Set.1942, pg. 2.
“Cancioneiro”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 614, 11.Out.1942, pg. 8.
“Inverno na Arrábida”. Turismo. Lisboa: nº 50, Nov-Dez.1942.
“Duas Horas”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 620, 22.Nov.1942, pg. 2.
1943
“Confidência”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 626, 03.Jan.1943, pg. 2.
“À Arrábida”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 628, 17.Jan.1943, pg. 8.
“Cancioneiro”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 632, 14.Fev.1943, pg. 8.
“Maré”. Turismo. Lisboa: nº 52, Mar-Abr.1943.
“Poesia”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 637, 21.Mar.1943, pg. 8.
“Espelho”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 647, 30.Mai.1943, pg. 8.
“Cancioneiro”. Gazeta do Sul. Montijo: nº 657, 08.Ago.1943, pg. 10.
1944
“O Céu”. Turismo. Lisboa: nº 59, Ago-Set.1944.
1945
“Dois poemas: Claridade, Remoinho”. Aqui e Além. Lisboa: nº 2, Maio-Agosto.1945, pp. 33-35.
“Pequeno poema”. Aqui e Além. Lisboa: nº 3, Dezembro.1945, pg. 14.
1946
“Soneto de António”. Universitárias. Lisboa: nº 18 (3ª série), Jan-Abr.1946, pg. 40.
“Florbela”. O Castelovidense (Supl. “A Planície”). Castelo de Vide: nº 38, 17.Fev.1946, pg. 1.
“Sol Posto”. Ver e Crer. Lisboa: nº 11, Mar.1946, pp. 43-46.
“Bucólica”. Aqui e Além. Lisboa: nº 5, Outubro.1946, pg. 55.
“Moça jeitosa do Minho”. Correio do Minho. Braga: 28.Nov.1946, pg. 3.
1947
“Tempo de Poesia”. Ver e Crer. Lisboa: nº 31, Nov.1947, pp. 62.
1948
“Carruagem de terceira”. Jornal de Sintra. Sintra: nº 728, 7.Jan.1948, pg. 1.
“As fontes”. Novidades. Lisboa: 18.Jan.1948, pg. 4.
1949
“Florbela”. Jornal de Sintra. Sintra: nº 779, 01.Jan.1949, pg. 5.
“A propósito do Idílio Rústico de Trindade Coelho e do Idílio Triste de Fialho de Almeida”. A Província. Montijo: nº 9, 09.Jun.1949, pg. 8.
“Mãe Noite”. A Província. Montijo: nº 13, 07.Jul.1949, pg. 8.
“As fontes”. A Província. Montijo: nº 19, 18.Ago.1949, pg. 7.
“Geração novíssima? Literatura novíssima?”. A Província. Montijo: nº 21, 01.Set.1949, pg. 4.
“A serra da Arrábida”. Flama. Lisboa: nº 91, 02.Dez.1949, pg. 8.
1950
“Conto em verso da princesa roubada (à Cló)”. Jornal de Sintra. Sintra: nº 883, 08.Jan.1950, pg. 2.
“É o sol e mais nada…”. Universitárias. Lisboa: nº 24 (4ª série), Janeiro.1950, pg. 17.
“Frei Agostinho para o turista”. Turismo. Lisboa: nº 88, Jan.1950.
“O cais”, “A companheira”, “Apolo”. Távola Redonda. Lisboa: nº 1, 15.Janeiro.1950, pg. 2.
“A uma criança”, “Elegia para uma gaivota”. Távola Redonda. Lisboa: nº 6, 01.Junho.1950, pg. 3.
“Condição”. Távola Redonda. Lisboa: nº 7, 01.Julho.1950, pg. 1.
“Sobre poesia”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 14, 24.Ago.1950, pg. 3.
“Campismo e poesia”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 18, 21.Set.1950, pg. 3.
“Dom Canguru”. Jornal da “Favorita”. Lisboa: nº 1, 01.Out.1950, pg. 3.
“Alegoria”. Távola Redonda. Lisboa: nº 8, 01.Novembro.1950, pg. 5.
“Apontamento sobre a poesia social do século XX”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 31, 21.Dez.1950, pp. 3-4.
1951
“Apontamento sobre a poesia social do século XX”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 34, 11.Jan.1951, pp. 3-4.
“A companheira”. Brados do Alentejo. Estremoz: nº 1022, 28.Jan.1951, pg. 3.
“Toada do ladrão”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 37, 01.Fev.1951, pg. 3.
“Janelas de Estremoz”. Brados do Alentejo. Estremoz: nº 1023, 04.Fev.1951, pg. 11.
“Carta de Estremoz”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 38, 08.Fev.1951, pp. 1 e 2.
“Carta de Estremoz”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 41, 01.Mar.1951, pg. 8.
“Entre quem é!”. Brados do Alentejo. Estremoz: nº 1028, 11.Mar.1951, pg. 3.
“Carta de Estremoz”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 43, 15.Mar.1951, pg. 8.
“Vida / Diário de Bordo / Hora vermelha / A verdade era bela ”. Linhas de Elvas. Elvas: nº 28, 17.Mar.1951, pg. 6.
“Maternidade (à Maria Almira e ao António)”. Jornal de Sintra. Sintra: nº 895, 18.Mar.1951, pg. 1.
“Nosso é o mar (ao Manuel de Almeida Lima)”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 46, 05.Abr.1951, pg. 3.
“Carta de Estremoz”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 47, 12.Abr.1951, pg. 8.
“Carta de Estremoz”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 48, 19.Abr.1951, pg. 3.
“Sinal”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 52, 17.Mai.1951, pg. 9 (repetido no nº 66, 23.Agosto.1951).
“Bucólica”. Jornal da “Favorita”. Lisboa: nº 9, 01.Jun.1951, pg. 3.
“O sábado em Estremoz”. Brados do Alentejo. Estremoz: nº 1047, 22.Jul.1951, pg. 3.
“Crepuscular”. Horizonte. Évora: nº 3, Jul-Ago.1951, pg. 19.
“Carta de Estremoz”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 63, 02.Ago.1951, pg. 6.
“Minha alma abriu-se”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 67, 30.Ago.1951, pg. 1.
“O sonho (à memória de Francisco Bugalho)”. O Distrito de Setúbal. Setúbal: nº 3, 17.Set.1951, pg. 8.
“Carta de Setembro”. Jornal do Barreiro. Barreiro: nº 73, 11.Out.1951, pg. 3.
“Largo do Espírito Santo, 2 – 2º”. Árvore. Lisboa: nº 1, [Dezembro.1951], pp. 36-37.
1952
“Imagem”. Jornal de Sintra. Sintra: nº 938, 7.Jan.1952, pg. 9.
“Encarcerar a asa”. Brados do Alentejo. Estremoz: nº 1075, 03.Fev.1952, pg. 5.
[Bibliografia organizada por João Reis Ribeiro]
Já alguém pensou em "compilar" toda esta bibliografia?
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