O último número da revista Os Meus Livros (nº 104, Novembro.2011) apresenta como tema de capa “Os Caminhos do Ensino”. No interior, em quatro páginas, o texto “De zero a vinte” apresenta duas dezenas de títulos bibliográficos pretendendo olhar “vinte livros que são um ponto de partida para olhar as questões do ensino com outros olhos e compreender um pouco melhor algumas das questões que causam discordância, mas necessitam de respostas”.
Por este escaparate passam as obras: Se não estudas estás tramado, de Eduardo Marçal Grilo; O “eduquês” em discurso directo, de Nuno Crato; A Educação do meu umbigo, de Paulo Guinote; A minha sala de aula é uma trincheira, de Bárbara Wong; A arte de ensinar, de Alan Haigh; 19 argumentos para reconst(ruir) a escola pública, de Luís M. Aires; Professores e escolas, de Evangelina Bonifácio Silva; O pequeno ditador, de Javier Urra; Pais que educam, professores que amam, de Joaquim Machado; O ensino passado a limpo, de Santana Castilho; A aprendizagem cooperativa na sala de aula, de José Lopes e Helena Santos Silva; Boas práticas na educação, de António Estanqueiro; O valor de educar, o valor de instruir, de Fernando savater e outros; O Centro Escolar Republicano Almirante Reis, de Célia Oliveira Pestana; Salazar e a Escola Técnica, de Albérico Afonso Costa; Rómulo de Carvalho – Ser professor, organizado por Nuno Crato; O professor, de Franck McCourt; Não os desiludas, de Manuela Castro Neves; Fui professora do ensino primário, de Sara Tiago; SOS tenho de passar de ano, de Renato Paiva.
A questão, numa escolha de vinte títulos, é saber quais os primeiros vinte, quais os segundos vinte e assim por diante, é óbvio. Mas estranha-se que o Diário, de Sebastião da Gama, não tenha entrado na lista. Por vários motivos: por ter ajudado muita gente a abraçar o ser professor, por ser o relato de uma boa experiência, por não ter perdido actualidade, apesar das seis décadas que sobre ele já passaram. Esta omissão é tanto mais notória quanto, no texto introdutório a esta escolha, se evoca Sebastião da Gama a propósito não do Diário, mas de um poema que recorrentemente é citado: “Professor e poeta, Sebastião da Gama ficará para sempre ligado a um célebre poema, onde expressa bem a necessidade de acreditarmos e seguirmos em frente, demonstrando como a ausência de valores nunca engrandeceu uma sociedade – apesar de igual necessidade em questioná-los ciclicamente porque pelo sonho é que vamos, / comovidos e mudos. // Chegamos? Não chegamos? // Haja ou não haja frutos / pelo sonho é que vamos.”
Foi pena, pois, não ter sido inserido o seu Diário na lista apresentada! [Uma declaração de interesses: obviamente, a Associação Cultural Sebastião da Gama pugna pela divulgação e estudo da mensagem do seu patrono, com particular relevo para o Diário; por outro lado, estou ligado a esta obra, uma vez que preparei a mais recente edição que dela se fez, em 2011, pela primeira vez completa e anotada.] – JRR
Sou professora primária . Conheço pessoalmente e intelectualmente alguns dos autores que constam da lista dos "meus livros".. e é com tristeza que noto a falha de Sabastião da Gama.porquê? Será que quem elaborou a ditosa é um ignorante?
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