Em 1949, Luís Amaro (que é nosso associado desde o início) publicou o livro Dádiva (Lisboa: Portugália Editora), que mereceu de Sebastião da Gama uma carta de amigo, mais que de leitor. Ou talvez nela contendo as duas perspectivas, nela dizendo a dada altura: “O teu livro tem, além de muita poesia, de muito coração, de muita honestidade humana e de Artista, uma unidade que eu invejo”. No Diário, Sebastião da Gama registaria também, em curta e sentida nota (18 de Fevereiro de 1949): “Ao escrever isto – ser professor é dar-se – lembro-me do amaro. Pobre querido Amigo, tão nobre, tão modesto, tão pudico da sua intimidade. Um António Nobre que chegou tarde, uma flor que o vento magoou… Há três anos que lhe peço o livro: ele, tímido, recusa sempre mostrá-lo ao mundo. (…) Pois há uma semana encontrei o Amaro. Acompanhei-o. Junto de um portal, com medo de que alguém que passasse ou ouvisse, segredou-me: ‘Vou publicar.” – ‘Diário Íntimo?’ – ‘Não. Dádiva.’ Senti cá dentro uma lágrima que era a compreensão exacta e comovida daquele nome. Dádiva. Dádiva. Dádiva.”
Em 1975, Luís Amaro publicou Diário Íntimo (Lisboa: Iniciativas Editoriais), aí incluindo Dádiva, voltando a editá-lo em 2006 (Lisboa: & etc). Agora, nova edição surge – Diário Íntimo – Dádiva e Outros Poemas (Licorne, 2011), que merece nota no caderno “Atual” saído no Expresso de hoje, assinada por António Guerreiro, uma nota que é muito mais sobre o valor de Luís Amaro enquanto pessoa do que sobre o livro e que vale a pena ler para se ter uma ideia da importância do nome de Luís Amaro na literatura portuguesa do século XX. – JRR
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