Avançar para o conteúdo principal

Dos associados (14) - Pedro Eurico Correa Lisboa (1924-2011)

O Público de hoje anuncia a missa de 30º dia do Professor Doutor Pedro Eurico Correa Lisboa (que ocorrerá amanhã). Era o nosso associado nº 71, praticamente desde que a Associação Cultural Sebastião da Gama foi criada.
Amigo de Sebastião da Gama, foi também o seu médico na parte final da doença que o vitimou em 1952. Foi na casa família Lisboa, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, que Sebastião da Gama se acolheu quando tinha de permanecer na capital ao longo do seu curso de Românicas, em que era colega de Eurico Lisboa, irmão de Pedro e de João Lisboa.
Pedro Eurico Correa Lisboa ficou conhecido na área da diabetologia, em que se especializou, tendo trabalhado em Boston e em Lisboa, no Hospital de Santa Maria e na Faculdade de Medicina de Lisboa. Deixa vasta obra no domínio médico, de que se recordam títulos (alguns em co-autoria) como: Diabetes (1955), Hiperglicémias (1957), Tratamento Dietético da Diabetes (1962), Diabetes Lábil – Considerações sobre a sua patologenia e clínica (1965) e Relance sobre a História da Medicina Contemporânea. A farmacêutica Bayer homenageou-o há poucos anos, atribuindo o seu nome a uma bolsa dedicada à investigação.
Mário Viana de Queiroz, médico ligado à reumatologia e à Faculdade de Medicina de Lisboa, em texto disponível na net, historiou os serviços da sua especialidade no Hospital de Santa Maria e testemunhou sobre Pedro Eurico Correa Lisboa, exaltando também o seu elevado sentimento humano: “As suas primeiras consultas demoram, em média, 2 a 3 horas e no final do interrogatório pergunta sempre aos seus doentes se têm algum remorso, algum problema por resolver, um espinho cravado no coração por causa da mulher, dos filhos, da família, do trabalho, dos colegas.”
Pedro Lisboa colaborou no quarto número do Boletim da Associação Cultural Sebastião da Gama com um texto intitulado “A Doença do Sebastião”. - JRR

Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Pequeno poema" ou uma evocação do nascimento

"Pequeno poema" ( Aqui e além . Dir: José Ribeiro dos Santos e Mário Neves. Lisboa: nº 3, Dezembro.1945, pg. 14) O dia do nascimento quis perpetuá-lo Sebastião da Gama num dos seus textos poéticos. E assim surgiu “Pequeno Poema”, escrito em 7 de Maio de 1945 e, em Dezembro desse ano, publicado no terceiro número da revista Aqui e além e no seu primeiro livro, Serra Mãe , cuja primeira edição data também desse Dezembro. De tal forma a sua mensagem é forte, seja pela imagem da mãe, seja pela alegria de viver, que este texto aparece não raro nas antologias poéticas, temáticas ou não, como se pode ilustrar através dos seguintes exemplos: Leituras II [Virgílio Couto (org.). Lisboa: Livraria Didáctica, 1948?, pg. 74 (com o título “Quando eu nasci”)], Ser Mãe [Paula Mateus (sel.). Pássaro de Fogo Editora, 2006, pg. 45], A mãe na poesia portuguesa [Albano Martins (sel.). Lisboa: Público, 2006, pg. 310]. (JRR)

"Cantilena", de Sebastião da Gama, cantado por Francisco Fanhais

Com a edição do Público de hoje completa-se a colecção “Canto & Autores” (Levoir Marketing / “Público”), de treze títulos, sendo este volume dedicado a Francisco Fanhais, constituído por booklet assinado por António Pires com um texto resultante de entrevista testemunhal a Fanhais e por um cd com 17 faixas, em que a canção “Cantilena” (letra de Sebastião da Gama e música de Francisco Fanhais) ocupa a sexta posição no alinhamento. Por este cd passam ainda versos de Manuel Alegre, de Sophia de Mello Breyner, de César Pratas e de António Aleixo, entre outros. O poema “Cantilena”, cujo primeiro verso é “Cortaram as asas ao rouxinol”, foi escrito por Sebastião da Gama em 25 de Novembro de 1946 e, logo no ano seguinte, escolhido para o que viria a ser o segundo livro do poeta, Cabo da boa esperança (1947). É um dos poemas clássicos da obra de Sebastião da Gama quando se quer referir a presença dos animais na poesia portuguesa, tal como se pode ver na antologia Os animais na

"Serra-Mãe", o primeiro livro de Sebastião da Gama

O primeiro livro de Sebastião da Gama foi Serra-Mãi (assim mesmo escrito), saído a público em Dezembro de 1945, com desenho de capa de Lino António, obra que muito cuidou e para a qual levou a preceito a selecção dos seus poemas. Nesta altura, Sebastião da Gama, com 21 anos, era ainda estudante no curso de Românicas, na Faculdade de Letras de Lisboa. Tivera uma hipótese de a Livraria Portugália lhe editar o livro, mas, a 24 de Outubro, era-lhe dirigida uma carta, dizando que, naquele momento, não interessavam à editora “as publicações não integradas no plano” editorial, porque havia encargos com cerca de uma centena de originais, já pagos a autores e tradutores, e não havia como “dar vazão” a esse trabalho. A família de Sebastião da Gama assumiu, então, os encargos financeiros advenientes da edição e o livro foi publicado com a chancela da Portugália, enquanto distribuidora. Com obra, dedicada a Alexandre Cardoso, seu tio, assumia o risco de vir a ser o “poeta da Arrábida”, elegendo a