Brancas, as velas
eram sonhos que o rio sonhava alto.
Meninas debruçadas em janelas,
viam-se, à flor azul das águas, as gaivotas.
E a Manhã quieta (sorrindo, linda, vinha vindo a Primavera…)
punha os pés melindrosos entre as conchas.
Derivavam jardins imponderáveis
dos seus passos de ninfa
e tremiam as conchas
de súbitas carícias.
Longe era tudo: o medo dos naufrágios,
as angústias dos homens, o desgosto,
os esgares das tragédias e comédias
de cada um, os lutos, as derrotas.
Longe a paz verdadeira das crianças
e a teimosia heróica dos que esperam.
Ali, à beira-rio,
de olhos só para o rio, de ouvidos surdos
ao que não é a música das águas,
um sossego alegórico persiste.
Nem o arfar das velas o perturba.
Nem o rumor dos seios capitosos
da Manhã, que nas águas desabrocham
e flutuam, doentes de perfume.
Nem a presença humana do Poeta
- sombra que a pouco e pouco se ilumina
e se dilui, anónima, na aragem…
Sebastião da Gama (8 de Abril de 1948, poema dedicado ao amigo Alberto Fialho)
in Campo aberto (1951)
in Campo aberto (1951)
CONVEM LEMBRAR Q A.FIALHO FOI PROF. NA ESCOLA DA SABOARIA QDO O SEBASTIÃO LÁ CHEGOU.A SUA POSTURA COMO MESTRE ANTECIPARAM UM POUCO DO Q VIRIA A SER SEBASTTIÃO NO MUNDO DO ENSINO. NESTE MOMENTO ,COMO DESCENDENTES, SÓ EXISTEM SOBRINHAS,TB ELAS PROF.
ResponderEliminaraqrosa