Em Abril de 2006, numa passagem por Estremoz, quis ver onde era o Largo do Espírito Santo, residência que foi de Sebastião da Gama quando ele lá leccionou na Escola Industrial e Comercial (hoje, Escola Secundária Rainha Santa).
Chegado ao Rossio, visitei o Museu de Arte Sacra e perguntei a uma senhora (que andaria pelos 60 anos) onde era o Largo do Espírito Santo. Logo a conversa se estendeu. O que ia eu ver ao sítio, quis ela saber. Lá lhe disse ao que ia. Subitamente, o seu olhar animou-se: “Oh, o senhor doutor Sebastião da Gama! Lembro-me tão bem dele! Com a boina, os livros… e também me lembro da mulher dele. Ela ainda é viva? Ele era tão boa pessoa… Gostávamos muito dele…” Creio que a senhora não chegara a ser aluna dele, mas recordava-o e descrevia-o como se o tivesse visto havia pouco. Já tinham passado 54 anos sobre a sua morte…
Fiquei impressionado com a vivacidade da senhora, num olhar e num recuo no tempo, quase virando outra vez criança que contemplava o professor da boina que tinha vindo lá de Setúbal. Depois, indicou-me o itinerário para o Largo e acrescentou que ainda se lembrava de quando ali tinha sido colocada a lápide evocativa do “senhor doutor”…
Este testemunho impressionou-me e evoco-o a cada passo, quando procuro ilustrar o que é a memória e o que de Sebastião ficou no seu "Estremozinho"... Trouxe-o para aqui, por causa do texto que reproduzo, da autoria de Joaquim Vermelho (1927-2002), que foi amigo de Sebastião da Gama e ajudou à manutenção da sua memória. Lá está: o professor da boina, que desceu da Arrábida para chegar a Estremoz. É um testemunho bonito, que vale a pena ler, porque ajuda a perceber o sentimento da tal senhora que, por acaso, encontrei no Rossio estremocense. Foi publicado no Jornal de Almada, no seu suplemento literário, em 5 de Fevereiro de 1961. – JRR
Largo do Espírito Santo, 2 (Estremoz) Chegado ao Rossio, visitei o Museu de Arte Sacra e perguntei a uma senhora (que andaria pelos 60 anos) onde era o Largo do Espírito Santo. Logo a conversa se estendeu. O que ia eu ver ao sítio, quis ela saber. Lá lhe disse ao que ia. Subitamente, o seu olhar animou-se: “Oh, o senhor doutor Sebastião da Gama! Lembro-me tão bem dele! Com a boina, os livros… e também me lembro da mulher dele. Ela ainda é viva? Ele era tão boa pessoa… Gostávamos muito dele…” Creio que a senhora não chegara a ser aluna dele, mas recordava-o e descrevia-o como se o tivesse visto havia pouco. Já tinham passado 54 anos sobre a sua morte…
Fiquei impressionado com a vivacidade da senhora, num olhar e num recuo no tempo, quase virando outra vez criança que contemplava o professor da boina que tinha vindo lá de Setúbal. Depois, indicou-me o itinerário para o Largo e acrescentou que ainda se lembrava de quando ali tinha sido colocada a lápide evocativa do “senhor doutor”…
Este testemunho impressionou-me e evoco-o a cada passo, quando procuro ilustrar o que é a memória e o que de Sebastião ficou no seu "Estremozinho"... Trouxe-o para aqui, por causa do texto que reproduzo, da autoria de Joaquim Vermelho (1927-2002), que foi amigo de Sebastião da Gama e ajudou à manutenção da sua memória. Lá está: o professor da boina, que desceu da Arrábida para chegar a Estremoz. É um testemunho bonito, que vale a pena ler, porque ajuda a perceber o sentimento da tal senhora que, por acaso, encontrei no Rossio estremocense. Foi publicado no Jornal de Almada, no seu suplemento literário, em 5 de Fevereiro de 1961. – JRR
É para dizer que conheci o Sr. Joaquim Vermelho em Estremoz, em 1972. Hoje, deparei com colaboração sua no livro do Dr. Marques Crespo, Estremoz e o Seu Termo «Regional». Prestou alguma colaboração ao autor desta obra notável em pesquisas. Contribuiu também com versos assinados por Luís Rui e podemos ver uma boa fotografia de um jovem de vinte anos. Esta presença e reconhecimento bem justificados foram por este homem que tanto amou a sua terra.
ResponderEliminarPelo muito amor que deu, com uma natureza assim, estava particularmente bem habilitado a oferecer um depoimento sobre Sebastião da Gama, o «rapaz da boina» que dava esmolas de amor.
Obrigado, Joaquim Vermelho. Que belo texto escreveu!...
José Luís